SAÚDE

Plano de saúde: médicos alertam sobre riscos de restringir mamografias

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Entidades médicas se manifestaram contra as mudanças nas regras dos planos de saúde propostas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Elas incluem o de rastreamento, que passaria de 40 para 50 anos, e a redução da frequência do exame, de anual para a cada dois anos.
Em relatório técnico enviado à ANS nessa quarta-feira (26/2), os médicos defendem que o e criticam as mudanças, apontando impactos negativos na detecção precoce do câncer de mama, que pode aumentar a mortalidade e os custos com tratamentos mais agressivos.
O documento foi elaborado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), em parceria com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama).

Diagnóstico precoce e impacto na mortalidade
O grupo refuta a tese de que o rastreamento do câncer de mama deve se concentrar apenas na faixa etária de 50 a 69 anos. De acordo com o relatório, a detecção precoce da doença reduz a necessidade de procedimentos invasivos, como mastectomias extensas e quimioterapia.
Além disso, o diagnóstico nos estágios iniciais melhora a qualidade de vida das pacientes e reduz custos com tratamentos oncológicos complexos. Estudos analisados pelo CBR apontam que rastrear a doença entre 40 e 74 anos pode contribuir para a queda na mortalidade.
“Estes achados levantam a preocupação quanto à necessidade de reconsiderar as estratégias de prevenção primária e secundária nesse grupo de mulheres jovens, garantindo-lhes acesso aos exames de rastreamento por meio dos planos de saúde e na rede pública de atendimento”, destaca a presidente da Comissão Nacional de Mamografia, Ivie Braga de Paula.
Câncer de mama no Brasil: números preocupantes
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que o é o mais incidente entre as mulheres brasileiras, com estimativa de 73.610 novos casos anuais no triênio de 2023 a 2025.
A distribuição regional também revela disparidades preocupantes, com maior incidência no Sudeste (84,46 casos por 100 mil mulheres), seguido pelo Sul (71,44 por 100 mil) e Centro-Oeste (57,28 por 100 mil).
Os números mostram o aumento dos casos entre mulheres mais jovens. No Brasil, 12% dos diagnósticos ocorrem antes dos 40 anos e 32% entre os 40 e 50 anos, proporção significativamente maior do que a registrada nos Estados Unidos, onde apenas 4% dos casos acometem mulheres abaixo dos 40 anos.

Atraso no diagnóstico e barreiras no tratamento
Outro ponto levantado pelas entidades médicas é o tempo médio de espera para diagnóstico após a suspeita clínica. Enquanto pacientes particulares conseguem confirmação em aproximadamente 31,7 dias, mulheres atendidas por planos de saúde aguardam, em média, 68,9 dias. No Sistema Único de Saúde (SUS), a espera chega a 93,4 dias, reduzindo as chances de cura e aumentando o riscos de avanço da doença.
“Parece pouco no calendário, mas o impacto pode ser devastador, reduzindo as chances de cura e permitindo que os tumores sejam diagnosticados muitas vezes em um estágio mais avançado no Brasil, quando comparados com países com programas de rastreamento estabelecidos”, alerta Hélio Braga, vice-presidente do CBR.
Comparação internacional e desafios no Brasil
As disparidades também se refletem na taxa de mortalidade. No Brasil, 22% dos ocorrem antes dos 50 anos, enquanto em países desenvolvidos esse índice é inferior a 10%.
Segundo os especialistas, a falta de um programa nacional de rastreamento organizado e a exclusão de mulheres de 40 a 49 anos das recomendações do sistema público prejudicam esse cenário, aumentando o risco de mortalidade.
“Muitos fatores podem ser responsáveis pela dificuldade na redução da mortalidade no Brasil: a baixa qualidade dos exames, o atraso no agendamento de consultas e exames, além das dificuldades no acesso a tratamentos cirúrgicos e terapêuticos”, explica Rubens Chojniak, presidente do CBR.
Diante desse cenário, as entidades médicas reforçam a necessidade de manter o rastreamento com mamografia a partir dos 40 anos, garantindo que todas as mulheres tenham acesso a exames que podem salvar vidas.
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